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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Revistas Científicas Brasileiras são as Menos Internacionalizadas entre os Emergentes


As revistas científicas de países emergentes, como China, Coreia do Sul, Rússia e Brasil, têm intensificado seu processo de internacionalização – que pode ser medido pelo número de artigos publicados em inglês, citação por outros países e pela publicação de artigos de autoria de pesquisadores estrangeiros, entre outros indicadores.

Os periódicos brasileiros, contudo, estão atrás das coleções desses outros países na corrida pela internacionalização, uma vez que ainda publicam menos artigos em inglês e em colaboração com o exterior.

A avaliação foi feita por participantes de um painel sobre medição da qualidade das pesquisas e dos periódicos internacionais, realizado no dia 24 de outubro, durante a conferência de comemoração dos 15 anos da Rede SciELO – Scientific Eletronic Library Online – um programa da FAPESP e do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme).

O evento em São Paulo reuniu especialistas em pesquisa e comunicação científica de 25 países para debater a publicação da ciência em acesso aberto e os desafios para o desenvolvimento dos periódicos científicos.

“Há um crescimento da internacionalização dos periódicos dos países emergentes, que pode ser observado no fato de que muitas revistas dessas nações começam a abrir espaço para a publicação de trabalhos de autoria de pesquisadores internacionais”, disse Rogério Meneghini, diretor científico da Rede SciELO, durante o evento.

Meneghini realizou um estudo comparativo da visibilidade internacional de periódicos da China, Coreia do Sul, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul nos últimos anos, levando em consideração o número de artigos publicados citados internacionalmente.

O estudo revelou que os artigos publicados nas revistas da China e da Coreia do Sul têm maior impacto, em termos de citação internacional, do que os disponibilizados nos periódicos da Rússia, da África do Sul, da Índia e do Brasil. A coleção de revistas científicas brasileiras ficou em quinto lugar nesse quesito entre os seis países emergentes analisados, à frente apenas da África do Sul.

“As revistas científicas brasileiras ainda estão publicando um menor número de artigos em inglês do que os periódicos desses quatro outros países emergentes. Isso traz menos visibilidade internacional”, disse Meneghini. [1]

“Esse é um parâmetro importante, e que podemos controlar mais facilmente, para possibilitar que os periódicos brasileiros tenham maior visibilidade internacional”, avaliou.

Em comum, segundo Meneghini, esses países publicam uma grande quantidade de artigos de autores nacionais – que representam, no total, 6% dos artigos indexados na base Web of Science. E seus periódicos têm como um de seus objetivos escoar produções científicas que, muitas vezes, não encontram espaço nas publicações internacionais.

Para aumentar esse escoamento, nações como a China recorrem aos periódicos do Brasil e de outros países emergentes. A China é um dos que mais citam artigos publicados em periódicos brasileiros e submete estudos para revistas brasileiras realizados, em sua maioria, só por pesquisadores chineses, sem colaboração internacional, ressaltou Meneghini.

“É muito claro, no caso da China, que eles têm uma produção científica imensa, que não encontra aceitação em periódicos internacionais de maior destaque, e estão procurando espaço para publicação que não possuem nem dentro do próprio país”, disse.

“Por isso, o país recorre a publicações de outras nações, como o Brasil, como pode ser atestado pela quantidade de artigos de autoria de pesquisadores chineses recebidos pelos editores de revistas brasileiras”, disse Meneghini.

As revistas brasileiras que mais publicaram artigos de outros países em 2010 e 2011, segundo Meneghini, foram a Genetics and Molecular Research e o Journal of the Brazilian Chemical Society. No caso da primeira, dois terços das publicações da revista – que não está indexada na base da SciELO Brasil – são de autoria de pesquisadores estrangeiros.

“Nos últimos dez anos, os países avançados aumentaram duas vezes a publicação nos periódicos das nações emergentes, como os do Brasil”, disse Meneghini. “Por outro lado, esses países emergentes aumentaram dez vezes a publicação nos periódicos brasileiros.”

Já entre os periódicos brasileiros mais citados por outros países estão o Latin American Journal of Solids and Structures, o Brazilian Journal of Chemical Engineering e o The Brazilian Journal of Infectious Diseases – os três indexados na base da SciELO Brasil.

“É interessante que dois desses três periódicos brasileiros mais citados internacionalmente sejam da área de Engenharia de Materiais, ao contrário dos outros países emergentes, onde as revistas nacionais mais citadas são das áreas de Biologia e Medicina”, comparou Meneghini.

[1] A língua inglesa é um problema crônico no Brasil. Pouco explorada pelos ensinos fundamental e médio (pelo menos no ensino público), a maioria dos pesquisadores apresenta dificuldades na tradução de suas pesquisas para o inglês (considerando a qualidade do texto). Uma alternativa tem sido o serviços de tradução ofertado pelas universidade, principalmente federais, mas muitas vezes há problemas quanto às características próprias e técnicas dos textos. Assim, os trabalhos não apresentam a qualidade gramatical requerida (já vi trabalhos serem reprovados por isso). Os demais países citados exploram melhor a língua inglesa, por isso publicam mais fora de seus limites geográficos do que o Brasil.

Fonte: Agência FAPESP.

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